A escola precisa reconstruir suas práticas
Professor Antônio Neves Duarte Teodoro aponta caminhos para construir igualdade e respeito às diferenças na escola

“Os jovens até gostam da escola, mas detestam as aulas porque as aprendizagens não são significativas; eles não veem sentido nos conteúdos escolares. Com a evolução da Internet e das redes sociais a escola passou a ser chata”. A análise é do professor Antônio Neves Duarte Teodoro, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade Nova de Lisboa; Diretor do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CEIED) da Universidade Lusófona e professor visitante da UNINOVE em São Paulo, que proferiu a palestra: “Pode a escola ser outra coisa? Propostas modestas para a construção de uma escola básica empenhada em procurar a igualdade e respeitar a diferença”.

A palestra integrou o primeiro dia do Seminário PNAIC 3º ano – Integração de saberes, conhecimentos e práticas pedagógicas na formação continuada em alfabetização, que aconteceu no período de 04 a 05 de dezembro na Faculdade de Estudos Sociais (FES/UFAM).

Como vencer esse desafio? Uma das alternativas propostas pelo professor António Neves Duarte Teodoro passa pela continuidade das políticas de educação. “O problema do Brasil é a continuidade das políticas. Há uma ideia por parte expressiva dos políticos de que o que já vem sendo desenvolvido não deve ser continuado ou deve ser mudado.  Mas não tenho dúvida de que o desafio da formação de professores estará no centro das políticas públicas na próxima década”.

Ensinar de outro modo

O professor assinalou que esse desafio não pode ser vencido pelo Brasil com uma política do “mais do mesmo”, ou seja, ensinar o mesmo e ensinar do mesmo modo, pois essas iniciativas geram aquela sensação que muitos professores têm depois de uma ação ou de programa de educação continuada de que “isto é muito bonito, mas é muito teórico”, e continuam a ensinar como sempre têm feito.

Os programas só obterão resultados se ajudarem os professores a mudar o seu habitus profissional, se os professores conseguirem reconstruir suas práticas, se conseguirem fazer uma releitura de suas crianças. “Um professor leigo, aquele que às vezes tem dificuldade para exprimir-se em português ou que não sabe quase nada de matemática, tem seus saberes: a grande questão é como que fazemos a releitura desses saberes. Como é que no diálogo com a universidade com os especialistas da matemática como é que eles reconstroem aqueles saberes que tinham?”.

“A aprendizagem do número por exemplo, é uma operação muito complexa porque o número é uma abstração. E as crianças vivem períodos da passagem do pensamento concreto ao pensamento abstrato e isto não acontece da mesma forma em todas as culturas. Não é igual em todas as classes sociais. E a primeira questão que os professores têm de perceber (não só perceber porque leram nos livros de Sociologia da Educação), é que há fases na passagem desse concreto para o abstrato”.

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