Aprendizagem para todos

Educação especial e educação no campo: lidando com as diferenças

 

Imagine a cena: num auditório com 100 professores, um grupo de 10 pessoas com os olhos fechados, tateiam paredes e cadeiras, se apoiam um nos outros e têm como guia a voz de uma pessoa que os orienta sobre o ponto em que precisam chegar. Os demais, sentados, tentam ajudar falando: “cuidado; mais para a esquerda: olha o degrau”. Na sequencia, os 10 professores recebem um jogo de dominó infantil em alto relevo com um desafio: precisam contar e memorizar quanto vale cada peça daquela. Sem abrir os olhos. A dinâmica integrou o grupo três do 3º Encontro entre professores formadores da Ufam e professores orientadores da rede Pública envolvidos no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, Pnaic. O objetivo: vivenciar a experiência de uma criança com deficiência visual na escola.  Insegurança, medo, necessidade de ajuda, medo de cair, foram palavras e frases usadas para descrever a sensação de não enxegar.

O evento aconteceu no Centro de Treinamento Profissional Padre José de Anchieta, localizado na Secretaria de Estado da Educação (Seduc) no Japiim, Zona Sul.

Para Maria Socorro Menezes Campelo, professora educadora do município de Benjamin Constant, que fez parte da dinâmica, a  educação especial  é um ato político na medida em que a criança que tem algumas limitações precisa ser respeitada: “Isso vai além da aceitação, é preciso ter consciência das necessidades dessa criança, apoiá-la no que for necessário e sobretudo, respeitá-la  como sujeito”.

Eliete Rabelo, professora formadora da Faced (Ufam) acentuou que a troca de conhecimentos foi o foco do encontro, na medida em que os aspectos teóricos transmitidos pelos formadores se completaram com o conhecimento prático dos professores orientadores e alfabetizadores.  Ela explicou que surgiram questionamentos ligados, sobretudo, a legislação que contempla a educação especial: “São situações que abrangem desde um impedimento da fala apresentado por uma criança, dificuldades de mobilidade, deficiências na visão e audição”.

Nesse contexto Rabelo defendeu que na sala de aula o trabalho do professor seja voltado para jogos, dinâmicas e outras atividades pedagógicas às quais todas as crianças participem independentemente se tenham ou não algum impedimento. “Atingir a todas as crianças considerando a heterogeneidade da classe é o principio desafiador desta ação. Agindo a partir dessa concepção é possível acolher todas as crianças”.

Desafio no ior

Nísia Júlia Vieira da Gama, do município de Urucará, no baixo Amazonas, explica que a educação no campo é diferente da educação urbana porque é multiseriada , as vezes atende cinco séries em uma sala e dentro dessas séries o professor lida com diferentes níveis de alunos. “Daí que o professor precisa se superar e nesse contexto o Pnaic veio para sistematizar os saberes que já vivenciamos ao longo dos anos em sala de aula”.

A falta de livros e materiais didáticos est sendo suprida pelo Pnaic que disponibiliza os materiais para a construção de sequencias didáticas, metodologias de ensino e realização de projetos. “A presença de orientadores junto aos professores, também tem sido muito positiva. Já podemos ver que as crianças estão mais motivadas para as aulas, elas brincam e fazem questão de mostrar seus trabalhos”.

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