“Qualificar ainda mais as ações que temos realizado, e que essas ações estejam vinculadas à prática pedagógica do professor e à melhoria real do ensino, é o que queremos” (Prof. Cerquinho)

Portal CEFORT entrevista Luiz Carlos Cerquinho de Brito, Doutor em Educação pela UFRGS, professor titular da Universidade Federal do Amazonas e coordenador geral do CEFORT.

Em 2010, o Centro de Formação Continuada, Desenvolvimento de Tecnologia e Prestação de Serviços para as Redes Públicas de Ensino, o CEFORT, alçou voos mais elevados no desenvolvimento e alcance de seus projetos. Além do Amazonas, o Centro atendeu estados de outras regiões brasileiras e ainda está desenvolvendo um projeto que comprova o reconhecimento das atividades institucionais da UFAM em todo o país. A seguir, Luiz Carlos Cerquinho, coordenador geral do CEFORT, faz um apanhado geral das ações do Centro em 2010, apontando ainda as perspectivas para 2011.

Luiz Carlos Cerquinho de Brito possui graduação em Pedagogia pela UFAM, mestrado em Educação pela UFSC e doutorado em Educação pela UFRGS. Além de coordenador do CEFORT, é professor titular da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Educação com ênfase em Educação Infantil e Adolescência, atuando principalmente nos seguintes temas: socialização, conhecimento, sujeito, adolescência, cotidiano e epistemologia genética.

Portal CEFORT: O que motivou a criação do CEFORT e qual a função do Centro na Universidade Federal do Amazonas?

Prof. Cerquinho:A criação do CEFORT ocorreu por meio da criação da Rede Nacional de Formação Continuada do MEC. Na ocasião, concorremos ao edital para fazer parte da rede, sendo que fomos contemplados num processo que selecionou, ao todo, 20 universidades federais e estaduais nas cinco regiões brasileiras. A função do CEFORT é promover o desenvolvimento de pesquisas, formação continuada e desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias, buscando favorecer a articulação da Universidade Federal do Amazonas diretamente com os sistemas públicos de ensino, a fim de qualificar a ação do professor e ao mesmo tempo a formação dos estudantes da educação básica, educação infantil, séries iniciais, sexto ao nono ano e ensino médio.

Portal CEFORT: O CEFORT se propôs a ampliar seu campo de atuação em 2010, ampliando suas ações para outros estados brasileiros. Como foi a experiência?

Prof. Cerquinho:Ampliamos as ações por meio do Curso de Humanidades para Professores das Séries Iniciais. Esse projeto foi nosso maior desafio até aqui, do ponto de vista da logística, tendo possibilitado ao CEFORT a abertura para uma atuação em nível nacional. Sair do Amazonas para desenvolver a formação continuada de professores no Maranhão, Amapá e Pernambuco foi uma experiência bastante espinhosa por um lado, mas bastante prazerosa por outro. Adquirimos uma aprendizagem singular em termos de compreensão das especificidades de cada estado. Apesar de se dizer que existe uma educação básica nacional, cada estado tem um funcionamento diferenciado; Pernambuco não é igual ao Amazonas ou ao Amapá, Maranhão e Distrito Federal. No que diz respeito à formação continuada de professores, alguns estados cedem esses profissionais para fazerem a formação; em outros, os professores a fazem em serviço, visto que não possuem carga horária específica para isso. Há ainda os que destinam um turno para a formação continuada e os que só realizam a formação a distância, como Brasília. Sendo assim, tivemos de diagnosticar as realidades dos sistemas de ensino para poder acertar o planejamento de desenvolvimento do curso. Terminamos o curso recentemente. Atingimos as metas e demos conta de todas as ações comprometidas, o que resultou na produção de um material totalmente específico e em novas perspectivas de continuidade do trabalho.

Portal CEFORT: Para você, quais foram as maiores dificuldades e os maiores êxitos do CEFORT em 2010?

Prof. Cerquinho:Uma das principais dificuldades do CEFORT, não só em 2010, consiste no fato de que, na UFAM, temos poucos recursos humanos para dar conta da demanda que recebemos, principalmente em termos de formação continuada de professores. Atendemos demandas tanto do Amazonas quanto de outros estados, e como há muitos programas sendo desenvolvidos na FACED, constantemente temos de recorrer a profissionais das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação para nos ajudar na aplicação de nossos projetos. O lado bom disso é que se trata de uma ação benéfica, uma alternativa para compor nosso grupo de trabalho, de forma que acabamos nos integrando mais com os profissionais das secretarias. Esse desenho de parecerias com os governos, por vezes, é bem complicado, mas os cursos realizados ao longo dos anos de existência do CEFORT evidenciam que temos avançado nesses termos. Podemos afirmar que, apesar das dificuldades com as quais nos deparamos, 2010 foi um ano de virada e de recomposição da própria dinâmica do Centro. Abrigamos novos projetos, tanto de formação continuada, como o projeto de Humanidades nas Séries Iniciais, como de pesquisa, a exemplo do LSE, além de projetos de desenvolvimento tecnológico, como o Graduação@UFAM.  O Programa de Extensão Linguagens e Tecnologias na Formação de Professores também foi um trabalho que obteve grande êxito em 2010. Ampliamos ainda nossa atuação para a área de educação a distancia, principalmente por meio dos projetos ancorados no Programa Nacional Escola de Gestores, coordenado pela profa. Zeina Thomé. Esse crescimento evidencia a necessidade de ampliação de nosso espaço físico para a instalação de mais laboratórios, mas este é um problema diz respeito à UFAM. Temos buscando conversar com a direção da Faculdade e com a própria Reitoria, visando ampliar o espaço e favorecer as atividades.

Portal CEFORT: A UFAM foi escolhida para ser a matriz nacional do curso de formação da metodologia Levantamento da Situação Escolar (LSE), sendo o CEFORT responsável por desenvolver esse projeto. Em sua opinião, o que isso representa para o CEFORT e para a Universidade?

Prof. Cerquinho:Para CEFORT, penso que representa o reconhecimento do trabalho que tem sido desenvolvido; a credibilidade que as agências têm nos dado, apontando cada vez maiores desafios. Começamos a adentrar em uma atuação mais qualificada, em nível nacional. Isso representa mais desafios para o CEFORT, a FACED e a UFAM. Para a Universidade, também representa o reconhecimento da atividade institucional e a possibilidade de participarmos de projetos com maior participação e relevância para o sistema público de ensino e até para a gestão de políticas públicas. Os dados coletados pelo LSE favorecerão a tomada de decisões do MEC acerca da destinação das verbas para todos os municípios de todos os estados do Brasil, e a UFAM é uma peça chave nesse processo.

Portal CEFORT: Conte-nos sobre as perspectivas do CEFORT para 2011.

Prof. Cerquinho:Temos vários projetos já alinhavados, dentre eles o LSE, que será desenvolvido em piloto nas cinco regiões, chamando para Manaus a discussão dos resultados obtidos, por meio de um fórum nacional que será criado aqui. Há também o projeto Humanidades nas Séries Iniciais, que aponta a perspectiva de consolidação da pesquisa 2011, ocasionada pela necessidade de retomarmos o processo de estudos das metodologias e tecnologias trabalhadas, bem como dos resultados pedagógicos obtidos. O Programa de Extensão Linguagens e Tecnologias na Formação de Professores também terá desdobramento em 2011.

Portal CEFORT: Quando você olha para o futuro a médio e longo prazo, como enxerga o CEFORT?

Prof. Cerquinho:Vejo o CEFORT qualificar ainda mais as ações que tem realizado em termos de formação de professores, e que estas ações estejam vinculadas à prática pedagógica do professor e à melhoria real no ensino. Nossa intenção não é só um resultado quantitativo, mas principalmente qualitativo. Queremos que esses projetos consigam atingir o “chão-da-escola”, e penso que isso já tem se tornado uma realidade. O CEFORT já é um espaço de criação de metodologias, de pesquisa, de inovação tecnológica e pedagógica. Para o futuro, vislumbramos a consolidação do CEFORT como centro de referencia, não somente na UFAM e no Amazonas, mas em todo o país.

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